- Não sei. Não tenho aula hoje a tarde.
- Vadio!
- ...
- Vamo ali fumar comigo.
- Te acompanho na presença. Pode?
- Não sei. Depende.
- ...
- Acha que chove hoje?
- Não sei. Depende. (risos)
- Tudo depende?
- Tudo depende.
- ...
- Tu tá diferente.
- Se pá.
- Tá faltando uma cerveja aqui pra gente.
- Sempre tá.
- É bom pra escrever. Tem texto que diz exatamente aquilo que a gente queria.
- É!! Mas tem uns que são mais ou menos.
- É...
- ...
- Se eu parar de escrever eu morro.
- Então escreve, pelo amor.
- Tem que amar...
- ... e só.
- ...
- Vamo ali fumar comigo.
- Te acompanho na presença. Pode?
- Não sei. Depende.
- ...
- Acha que chove hoje?
- Não sei. Depende. (risos)
- Tudo depende?
- Tudo depende.
- ...
- Tu tá diferente.
- Se pá.
- Tá faltando uma cerveja aqui pra gente.
- Sempre tá.
- É bom pra escrever. Tem texto que diz exatamente aquilo que a gente queria.
- É!! Mas tem uns que são mais ou menos.
- É...
- ...
- Se eu parar de escrever eu morro.
- Então escreve, pelo amor.
- Tem que amar...
- ... e só.
- Porra, dá pra escrever alguma coisa junto.
- ...
- ...
- Porra, dá mesmo caralho!!
- Como ninguém pensou nisso antes!?
- Aceita o convite??
- Aceito.
- O que temos que fazer então?
- Tem que amar.
- ...
- ...
- ...
- Porra, dá mesmo caralho!!
- Como ninguém pensou nisso antes!?
- Aceita o convite??
- Aceito.
- O que temos que fazer então?
- Tem que amar.
- ...
E só.
É coisa curiosa o convite. Con-vite. Con-vitae. Com vida. Convidar é fazer viver junto, duplicar a vida, o amor, a cerveja, o pão, os olhares e as amizades. Conviver é a arte de fazer poesia a dois pra então poder espalhar pra todo mundo.
Bora?
Na calçada, os dois homens conversam sobrem possibilidades poéticas e parcerias em prosa. Coloca-os em um canto, dá-lhes uma mesa e uma cerveja e pronto, está feito o convite pra prosear. Como velhas senhoras papeando sobre o universo, os dois procuram distraidamente alguma coisa em seus bolsos de gato Félix. Tiram, em meio à prosa, os novelos de lã. Devido à embriaguês, demoram a achar a ponta do fio. Esticam os braços e lançam os seus fios por cima da mesa, misturando as duas pontas em uma colcha mais ou menos retalhada. Confiar: com-fio. Dar seu fio para o outro tecer junto a malha de sua alma. E, nessa de vestir-se com o retalho d'outro, os dois vão se fazendo poetas. Misturam-se os tecidos e as almas, e, sem que percebam, os dois amigos convidam o bar inteiro a prosear. Proseiam, poetizam, bebem e tecem rimas sem nexo. Falam das meretrizes, das putas, do futuro da nação e da embriaguês que os acomete. E, nas entrelinhas dos discursos, vão se perdendo entre as linhas do tecido, que, a essas horas, já forrava a mesa do bar. Perdem-se na conversa que é pra ver se encontram a poesia que, não dita, fica presa nas gargantas geladas de cerveja.
Aceita o convite?
Se sim, afine seu violão e traga a bebida antes que o supermercado feche. Corre, porque dizem que vai chover hoje. Será que chove hoje? Não sei. Depende.
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